Extraido daqui.
Rinekee Dijkstra/ Divulgação
A escritora da Somália Ayaan Hirsi Ali faz palestra nesta terça (1) pelo Fronteiras do Pensamento
Existe uma aura quase mística em torno da ativista política e escritora somali Ayaan Hirsi Ali, que carrega a alcunha de "a mulher que desafiou o Islã".
Eleita pela revista Time como uma das cem personalidades mais influentes do planeta e premiada por seu trabalho a favor da liberdade de expressão e dos direitos das mulheres, Ayaan teve uma vida de revezes e sofreu na pele as brutalidades do fundamentalismo religioso.
Sofreu excisão do clitóris aos cinco anos de idade, na maturidade rompeu com o Islã e fugiu do seu país para a Holanda, onde conseguiu asilo político para não ser casada a força pelo próprio pai.
Mais tarde, em 2004, teve seu companheiro de trabalho, o cineasta Theo van Gogh, assassinado por conta do filme Submissão, que ela roteirizou e que criticava a situação da mulher no Islã.
Também jurada de morte, desde então, vive debaixo de um forte esquema de segurança – que se reproduz no Brasil, onde está para participar do evento Fronteiras do Pensamento.
E Ayaan virá à Bahia para fazer palestra nesta terça (1), às 20 horas, no Teatro Castro Alves, como tem vivido os últimos anos: com uma guarda preparada para o pior.
Parece um contrasenso que a vida da ex-deputada esteja em risco apenas porque tem a utopia de que os indivíduos sejam vistos pelo que valem como um todo, não pelo que a cor de sua pele, seu gênero ou sua religião represente.
Foi sobre isso que ela conversou com a repórter Ceci Alves, num quase bate-papo. Ela revelou que, apesar de tudo, não perdeu a esperança no homem.
AHA - Eu escrevo para todos que sejam tocados ou estejam interessados no mundo depois do 11 de Setembro. Então, minha audiência são todos os indivíduos: homens e mulheres, brancos e negros, e qualquer indivíduo que pense que nós somos capazes, como indivíduos, de melhorar o nosso mundo. Depois do 11 de Setembro eu li, mais uma vez, O choque das civilizações, de Samuel P. Huntington, no qual ele diz que agora entramos numa era em que mais e mais pessoas estão se dividindo em linhas étnicas, religiosas. E as duas fronteiras juntas, étnica e religiosa, quando são colocadas juntas, dá uma mistura muito, muito explosiva. Então, eu pensei que entenderiam que eu não sou religiosa, eu deixei o Islã e deixei pela minha busca por individualização. Eu não sofri nenhuma pressão de ninguém me dizendo o que fazer e eu amo a minha mãe, amo o meu pai, minha família e amigos, mas eu não me identifico apenas como tendo uma dimensão étnica e/ou religiosa. E eu tenho sido uma vítima deste pensamento étnico forçando uma reconfiguração do mundo.
AT | Acaba de falar de seu pai com carinho. Houve reconciliação, após o fato de ele ter querido casar a senhora a sua revelia?
AHA - Prefiro não falar sobre esse assunto.
AT | A senhora continua recebendo ameaças? Como vai ser, por exemplo, a sua vinda e estada na Bahia? Vai haver forte esquema de segurança?
AHA - Sim. O governo brasileiro, em cooperação com o evento e minha editora, está acordando e engendrando uma forma apropriada de segurança.
AT | Por que no século XXI ainda é necessário discutir sobre radicalismo religioso, questão de gênero e liberdades individuais?
AHA - Porque as pessoas, por herança, odeiam mudanças. Alguns, mais que outros. Se olharmos para a África, América Latina, vemos que não se quer a mudança, incute-se nas crianças para que vivam como os pais, como os antepassados. "Repitam os padrões". Se você quer ver a transição da sociedade tribal para a individual vai ver muita violência, muita alienação. Eu acho que há um medo de mudar. E a religião é uma forma de poder, de manutenção das coisas como elas estão. Quando não se tem um exercito para coagir, se diz: 'Deus quer que você faça isso'. Eu vivi isso e sei que é muito fácil manipular as pessoas com as coisas invisíveis: 'Não faça por mim, faça por Deus...'
AT | Existe alguma esperança de que nos países muçulmanos mais fechados possa florescer alguma democracia, que permita um mínimo de direitos e dignidade para as mulheres?
AHA - Queria fazer uma distinção entre os muçulmanos e o Islã. Os muçulmanos são capazes de viver numa democracia, de abrir a mente e conseguir o que quer que esteja ao alcance de sua capacidade como indivíduos. O Islã, como uma teoria política, social e cultural, é particularmente perverso com os indivíduos, pela filosofia de opressão. Então, eu o denuncio e critico e acredito apaixonadamente que os indivíduos vão superar isso e sair dessa situação.
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ERLON EDUARDO
www.ICQ.com/147889677
http://erlones.blogspot.com
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Oi! obrigada por passar pelo meu blog, gostei do seu, mas espero ver sua opinião além de recortes. =p
ResponderExcluirbom saber que vc é cristão!
aahh eu não sabia que ainda existia pessoas que usam o icq.. eu adorava, mas agora como todo mundo só usa msn..
bjins