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9/05/2008

Fisicos são perseguidos na USP depois de denuncia.

link: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ciencia/fe0309200801.htm  

USP engaveta investigação sobre plágio

Reitoria se nega a divulgar conteúdo de relatório concluído em abril que apurou denúncias contra diretor do Instituto de Física

Físicos que denunciaram o caso se dizem perseguidos e ameaçam ir à Justiça para obter o documento; reitora não fala sobre o episódio

Danilo Verpa - 28.jun.07/Folha Imagem
O diretor do Instituto de Física da USP, Alejandro Szanto

RAFAEL GARCIA
DA REPORTAGEM LOCAL 

Após mais de um ano, as investigações sobre o grupo de físicos da USP (Universidade de São Paulo) acusado de plagiar diversos artigos científicos foram encerradas. A comissão de sindicância que apurou o caso finalizou em abril um relatório feito a pedido da Reitoria da USP, mas a reitora Suely Vilela se nega a divulgar o conteúdo do documento.
O episódio envolve o diretor do Instituto de Física da USP, Alejandro Szanto de Toledo, e o vice-diretor da Fuvest, Nelson Carlin Filho. Os dois lideram o grupo que assinou ao menos três estudos com trechos de texto copiados de trabalhos do físico Mahir Hussein, já aposentado, e de outros autores.
Físicos que dizem ter sofrido tentativas de intimidação afirmaram à Folha que a reitoria se nega a divulgar o documento público e já estudam entrar na Justiça para obtê-lo.
Hussein e outros físicos afirmam que a demora da universidade em tomar providências abre espaço para que Szanto, ainda na diretoria, adote medidas de retaliação.
Segundo o físico Elcio Abdalla, um dos que encaminharam a denúncia à reitoria, Szanto quer tirar autonomia do Departamento de Física Matemática, ao qual Hussein é afiliado.
"Se isso for aprovado", diz Abdalla, "nós teremos que ministrar apenas os cursos que a comissão de ensino indicar. Perderíamos a autonomia que temos hoje com relação ao ensino -e nós queremos ter autonomia porque temos nossas próprias posições acadêmicas".
O Departamento de Física Matemática, cujos professores foram adversários políticos de Szanto na última eleição para diretor, é hoje uma das unidades de pesquisa mais produtivas da USP, com dez professores titulares e seis membros da Academia Brasileira de Ciências. Hussein, atual ganhador do Prêmio Martin Gutzwiller de Física, da Sociedade Max Planck, quer continuar trabalhando na USP como colaborador aposentado. Enquanto ele cumpria o ano acadêmico vinculado ao prêmio na Alemanha, Szanto despejou-o de sua sala na USP. Ele ocupa agora um espaço improvisado.
Um professor que tentou defendê-lo foi alvo de uma "moção de censura" da Comissão de Ética da USP -que ainda não se pronunciou sobre a denúncia de plágio.
"A Comissão de Ética está muito preocupada em manter a "etiqueta", mas não se pronuncia sobre o conteúdo", diz Paulo Nussensveig, professor que foi investigado durante o caso mesmo sem ter relação com o episódio. Segundo ele, houve uma tentativa de desvirtuar o objetivo da sindicância.
"Fui chamado a depor em janeiro, sob "suspeita" de ser o responsável por "vazar" o assunto para a Folha originalmente", conta. "Um dos objetivos da comissão era desqualificar um parecer que eles tinham solicitado sobre o caso porque o parecerista seria meu parente. Eles não mantiveram sigilo sobre a identidade do parecerista, o que é praxe nesses casos, e o parecerista não foi avisado de que sua identidade poderia ser revelada ao acusado."
Apesar das pressões, um parecer que indicaria plágio aparentemente foi validado. Quando o relatório finalmente ficou pronto, o Departamento de Física Matemática solicitou uma cópia, mas a reitoria negou, alegando que o processo ainda "encontra-se em tramitação junto aos órgãos competentes".
"Não sei por que a reitora está fazendo isso", diz Hussein. "Eu diria que, se ela não quer divulgar esse relatório, é porque ele é negativo em relação ao professor [Szanto]."


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