Os domadores de Titã Cientistas brasileiros criam proteína humana em laboratório que simula as duras e extremas condições ambientais da maior lua de Saturno Fabiana Guedes
Destaque para o Brasil na edição da semana passada da revista americana "New Scientist", umas das bíblias da comunidade científica mundial: dois pesquisadores da Unicamp, capitaneando uma equipe de químicos e biólogos, concluíram com sucesso uma experiência inédita e revolucionária no campo da astronomia. Mais: por meio dela agora se impõe com dados científicos a plausibilidade da hipótese de existência de formas elementares de vida onde tal fenômeno parecia inimaginável: na lua Titã, a maior do sistema solar e que orbita o planeta Saturno - sua superfície é de aproximadamente 56.850.000 km² e se distancia da Terra em interminável 1,2 bilhão de quilômetros. Respondem pelo experimento os pesquisadores Sérgio Pilling e Diana Andrade, que lograram reproduzir em laboratório o inóspito ambiente de Titã e, a partir daí, nele obter uma das principais proteínas imprescindíveis à vida, a adenina - ela mesma, a letra A das bases que compõem o DNA humano e que dá "leitura" genética somente quando se combina com a proteína timina. O fato de os cientistas observarem que é possível a adenina subsistir em um meio tão adverso como Titã, sendo ela uma das "letras" humanas, não significa, nem na mais pálida hipótese, a possibilidade de vida evoluída nessa lua de Saturno, já que outros fatores adversos a inviabilizam. Mas dá aos astrônomos um alento na expectativa de que vidas muito simples (bactérias extremófilas, por exemplo) possam existir. "O ganho para a comunidade científica internacional é a evidência de um composto pré-biótico em Titã", disse Pilling à ISTOÉ. "Isso sinaliza a possibilidade de vida." Com raios X e raios ultravioleta, os pesquisadores bombardearam ininterruptamente durante três dias uma mistura de nitrogênio, metano e água, simulando dessa forma a radiação que Titã teria recebido do Sol ao longo de sete milhões de anos. Moléculas orgânicas se formaram. Foram aquecidas. E, não mais que de repente, surgiu a adenina. A astronomia acabava de dar um importante passo. "Conseguimos reproduzir moléculas essenciais aos sistemas biológicos", diz Pilling. "A adenina é parte do DNA, fundamental no processo de multiplicação celular, e quaisquer formas de vida, da mais simples à mais complexa, só existem com o pressuposto de material genético." O mistério das constantes nuvens que sempre cercaram Saturno e suas luas (são 60 ao todo) atiça cada vez mais os astrônomos de todo o mundo a estudarem a sua superfície - e há dois momentos recentes marcados por avanços nessas pesquisas. Pode-se dizer que os cientistas colocaram o champanhe no balde de gelo quando a sonda Cassini (missão conjunta dos EUA com a União Europeia) detectou substâncias líquidas, que se supõe ser água, no subterrâneo de Saturno. O champanhe foi estourado agora com o sucesso da experiência dos dois pesquisadores brasileiros.
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ERLON EDUARDO
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