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12/02/2011

Escritores loucos por Gatos.


Ah, esses loucos por gatos!

Quietos, silenciosos e independentes, os gatos ganharam a afeição de gente como Franz Kafka, Charles Bukowski, Patricia Highsmith, Lygia Fagundes Telles, João Guimarães Rosa e os poetas Carlos Drummond de Andrade e Ferreira Gullar.

"Dar nome aos gatos é um assunto traiçoeiro", escreveu T.S. Eliot, criador de poemas infantis que narravam a vida de um grupo de felinos, reunidos no livro Os Gatos (Companhia das Letrinhas), que serviu de inspiração para o musical Cats. Para ele, o animal deveria ter três nomes: o comum, o apelido e aquele que só o gato sabe.

Mark Twain, outro grande baluarte da literatura, deu nomes tão curiosos quanto misteriosos aos seus gatos, como Appolinaris, Beelzebub, Satan, Sin, Sour Mash e Zoraster. Já Alexandre Dumas (O Conde de Monte Cristo) tinha um gato chamado Mysouff, conhecido por sua apurada percepção de tempo. Todo dia, ele encontrava seu dono em um determinado lugar para acompanhá-lo da sua casa para o trabalho. Edgar Allan Poe era dono da elegante Catarina, que inspirou o conto O Gato Preto.

Já o argentino Julio Cortázar era fã de Teodoro W. Adorno, seu felino de estimação que exibia um ilustre sobrenome, uma homenagem ao filósofo e sociólogo alemão. Mas o animal não era chegado a intelectualidades. No livro A volta ao Dia em 80 Mundos (Civilização Brasileira), Cortázar conta que, enquanto brincava com Teodoro, se esquecia das memórias. Difícil imaginar o escritor rolando com o bichano na grama ou criando novelos de bolas de papel com os manuscritos de obras que recebia em Paris.
 
O escritor Julio Cortázar com seu gato Teodoro
 
Nem mesmo o mais rabugento escritor, o americano William Burroughs, escapa da admiração pelos felinos. No livro O Gato por Dentro (L&PM Editores), o pai dos beatniks, conhecido pela verve sarcástica, mostra o seu lado doce e sentimental, revelando que os gatos podem ser excelentes espelhos da condição humana. Para ele, até mesmo a fúria de um gato pode ser bela.

Outro famoso argentino, Jorge Luis Borges, dedicou dois poemas a esses bichinhos fofos e peludos: A um gato e Beppo, este um gato branco da família. Pablo Neruda também fez jus à tradição e assinou sua admiração aos felinos na poesia Ode ao Gato, onde admite que, apesar de entender do amor e da natureza da vida, não consegue decifrar o gato, o único animal que "nasceu completamente terminado, anda sozinho e sabe o que quer".

Gatos são tão independentes que dizem que todo gato escolhe o seu dono. Neste caso, Ernest Hemingway devia ter algum tipo de ímã ou possuir o charme de uma tigela de leite. A casa do escritor americano na Flórida, nos EUA, era um verdadeiro balaio de gatos: chegou a abrigar mais de 50 felinos.

Tudo começou com o gato Snowball, presente de um capitão de navio. O gato tinha polidactilia, ou seja, exibia dedinhos a mais, o que, para os marinheiros, era sinal de sorte. O escritor chegou a construir uma fonte no quintal para o conforto dos bichanos e deixou orientações em seu testamento para que cuidassem deles. Gerações de patinhas com dedinhos a mais ainda habitam o telhado da casa do escritor, onde hoje funciona um museu. Mas nenhuma tigela de leite ainda foi encontrada.

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