DN Online: Satélites americano e russo chocam em órbita:
Espaço. Dois satélites, um militar russo e um comercial americano, chocaram em voo, a 800 quilómetros de altitude, criando nuvens de detritos perigosos. Foi a primeira vez que ocorreu uma tal colisão, cuja probabilidade era considerada baixíssima. O incidente ilustra o perigo do lixo espacial A acumulação de lixo espacial em órbita da Terra preocupava a comunidade científica, mas até anteontem era um problema algo teórico. Se fosse num filme de ficção, o choque seria acompanhado de um enorme estrondo. Mas a destruição mútua de dois satélites, uma estreia na conquista espacial, não produziu na realidade qualquer som. A colisão deu-se à elevada altitude de 800 quilómetros, portanto no vazio do espaço. Além disso, foi praticamente invisível.
O acidente de anteontem ocorreu em pleno voo, numa rota polar com muito trânsito, envolvendo um satélite militar russo desactivado, Kosmos, lançado em 1993, e um satélite comercial americano da rede Iridium, em órbita desde 1997. O carácter inédito desta colisão foi sublinhado por vários responsáveis. Um cientista da NASA, citado pelo New York Times, dizia isso mesmo, acrescentando que o choque produzira duas perigosas nuvens de novos objectos em alta velocidade.
Os acontecimentos relevantes nem sempre são os mais espectaculares. Neste caso, o choque de dois satélites com 500 a 900 quilos e três metros de diâmetro cada um, as repercussões têm certa complexidade.
A perturbação causada pela destruição dos dois engenhos será mínima. Mesmo a Iridium afirma que poderá compensar a redução da sua frota de 66 engenhos em menos de 30 dias, distribuindo as funções do satélite destruído por outros já em órbita.
Mas o choque em pleno voo e a alta velocidade procupou de imediato os cientistas e os políticos, pois mostra a vulnerabilidade do sistema global de satélites. O perigo do lixo no espaço parece agora muito mais real. E as duas novas nuvens de detritos, com 500 a 600 pedaços dos dois satélites destruídos, podem ameaçar a Estação Espacial Internacional (ISS, na sigla inglesa) o telescópio Hubble ou outros satélites. Muitos fragmentos ficaram em órbitas mais baixas.
O problema do lixo espacial existe desde o lançamento do Sputnik, em 1957 e é uma das maiores preocupações nos voos espaciais tripulados. Os maiores objectos , como os quase 6 mil satélites em órbita (metade deles operacional) são facilmente detectáveis. Mas há milhares (fala-se em 17 mil) de pequenos fragmentos. Os mais perigosos, com dimensão entre um centímetro e dez centímetros, são talvez mais de 300 mil. A NASA acredita haver dezenas de milhões com diâmetros da ordem dos milímetros. Indetectáveis e capazes de perfurar blindagens.
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