2/28/2008

Galápagos: Anos de seca ou chuva alteram tentilhões

Natureza ultrapassa cálculos de Darwin
 
Um casal norte-americano de biólogos, Peter e Rosemary Grant (da Universidade de Princeton), aprofundou os estudos com os tentilhões das Galápagos (que permitiram a Charles Darwin, no século XIX, elaborar a teoria da selecção natural e origem das espécies), percebendo que as alterações ocorrem a um ritmo mais acelerado do que o previsto pelo naturalista inglês.
Desde 1973, e depois de observarem mais de 19 mil exemplares, de 25 gerações, das várias espécies de tentilhões das Galápagos, os Grant, professores de Ecologia e Biologia Evolutiva, aperceberam-se que as alterações morfológicas – no tamanho dos indivíduos e extensão ou forma dos bicos – ocorrem rapidamente, bastando alguns anos de seca extrema ou de pluviosidade (chuva) anormalmente elevada.

As observações foram registadas na ilha de Daphne Mayor que, pela localização geográfica, é uma ilha de difícil acesso, sem fontes de água potável, sem qualquer interferência humana e susceptível às alterações climáticas, como o ‘El Niño’.

Assim, e por exemplo, em anos de maior seca, os tentilhões mais aptos a sobreviver revelam-se os de maior tamanho e com bicos mais fortes: mais capazes, portanto, de partir as sementes mais duras (a que de outro modo não teriam de recorrer). Em compensação, nos anos de mais chuva, os tentilhões pequenos e de bico mais curto têm uma vantagem competitiva que reside na facilidade em encontrar a maior quantidade de sementes, sendo estas também mais macias e fáceis de manobrar (a mesma vantagem que uma pinça tem sobre um alicate para recolher sementes de alpista).
Segundo os Grant, em artigo publicado na revista ‘Science’, as diferenças de clima tiveram como consequência que as espécies de bico mais curto e fino produzissem filhos de bico maior e mais forte (nos anos de seca) e as de bico maior, filhos com bico mais curto e fino (nos anos de chuva).

Para ter uma ideia do lapso temporal, os dois biólogos norte-americanos registaram um período de pluviosidade mais elevada, após o ‘El Niño’ de 1993, e um outro de seca prolongada, de 2002 a 2005, num intervalo de pouco mais de dez anos.

Por comparação, a teoria da selecção natural e da origem das espécies de Darwin partiu do pressuposto de que as 14 espécies de tentilhões existentes nas 58 ilhas Galápagos – separadas da América do Sul por cerca de mil quilómetros de mar – descendem de um único antepassado comum. A mesma teoria calcula em dois ou três milhões de anos a separação nas actuais 14 espécies.

ESPÉCIES-CHAVE DO EVOLUCIONISMO

As 14 espécies de tentilhões das Galápagos constituíram a base do evolucionismo. Assumindo a descendência de um mesmo antepassado, Darwin atribuiu as diferenças entre espécies à adaptação ao habitat mais favorável em cada ilha ou zona.

TRABALHO DE CAMPO

Peter Grant, biólogo da Universidade de Princeton (Estados Unidos), estuda os tentilhões nas ilhas Galápagos desde 1973. Acompanhado de Rosemary, sua mulher e também bióloga, percebeu que as alterações na origem de novas espécies se processam a um ritmo mais acelerado do que o previsto por Charles Darwin.

SELECÇÃO ORIGINA ESPÉCIES

Nascido em 1809, em Inglaterra, Charles Darwin é o autor da teoria da selecção natural na formaçâo da espécies. Naturalista de serviço na expedição do navio ‘Beagle’ à volta do Mundo, foi nas ilhas Galápagos que percebeu as alterações de animais parecidos aos do Continente. A partir daqui formula a teoria de que a sobrevivência ou extinção de uma espécie é determinada pela capacidade de sobreviver em determinado ambiente. Posta em livro, ‘A Origem das Espécies’, a teoria provocou grandes polémicas, por colocar em causa preconceitos religiosos.

O próprio Darwin nunca se envolveu pessoalmente nas acesas discussões, resultantes da sua nova teoria.

SAIBA MAIS

24 horas. Se os 4,5 mil milhões de anos que se estima ter a Terra fossem reduzidos a um dia só, a Vida aparecia às 05h00, os primeiros moluscos às 20h00 e o Homem só pelas 23h55.

5 minutos de presença humana nesse dia incluiriam domínio do fogo, descoberta da roda, agricultura, pastorícia, invenção da escrita e pólvora e a actual realidade virtual.

CRIACIONISMO

Escolas norte--americanas baniram o ensino do evolucionismo substituindo-o pelo criacionismo bíblico adaptado, ou ‘Concepção Inteligente’.

EUROPA

À excepção de Grécia e Turquia, o evolucionismo é a teoria dominante nas escolas europeias. França adoptou uma lei, em Outubro passado, a proibir o criacionismo no sistema de ensino.
Rui Arala Chaves

 

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