Para analisar: De pastores a apóstolos

DE PASTORES A APÓSTOLOS

[artigo republicado neste blog e escrito por Marcos Alexandre Damázio. 16 de abril de 2004]

Creio que todos sabem que eu sou radicalmente contra o G-12 e as demais neobesteiras das igrejas neopentecostais. No entanto, julgo necessário o discernimento de onde se encontra a linha divisora entre uma heresia e uma visão diferente ou divergente. O fato de um líder implantar o G-12 em sua igreja, não significa que tal líder e sua igreja passaram para o lado do diabo.

Há alguns anos atrás, quando surgiram as primeiras Comunidades Evangélicas com uma visão moderna de evangelizar e cultuar com ênfase no louvor e na adoração congregacional, houve um reboliço no meio evangélico. No entanto, hoje poucos condenam a Comunidade da Graça, a Comunidade da Zona Sul e a Comunidade da Penha, pioneiras no louvor congregacional contemporâneo.

Entretanto, há as exceções, pois atualmente qualquer líder que briga com a sua liderança rompe com a denominação, funda o seu ministério ou comunidade e se auto-intitula pastor, bispo ou apóstolo. No entanto, Deus pode transformar o erro em acerto sem remover as conseqüências de tal erro.

"Vós, na verdade, intentastes o mal contra mim; Deus, porém, o intentou para o bem, para fazer o que se vê neste dia, isto é, conservar muita gente com vida". (Gn 50:20).

Observem o caso dos neo-apóstolos. Eu creio que Deus levantou apenas os doze seguidores de Cristo para o apostolado, e depois levantou Matias para o lugar de Judas Iscariotes. No entanto, quem ousaria negar o ministério apostólico de Charles Finney, Hudson Taylor, John Wesley e principalmente Billy Graham? Todavia, nenhum deles se auto-intitulou apóstolo, pois não eram apóstolos de fato assim como Paulo também não era, embora possuíssem o ministério do apostolado. Paulo reconhecia que não era digno de ser chamado apóstolo (1ª Co 15:9).

Eu não vejo o fruto de um ministério apostólico na vida dos neo-apóstolos. Olho o ministério do apóstolo Rene Terranova e não vejo fruto digno de um apóstolo. Na verdade vejo um ministério restrito ao G-12, do qual ele e sua esposa são apóstolos.

Eu não vejo o fruto de um ministério apostólico na vida do apóstolo Estevam Hernandez, além de querer ter a incumbência de reescrever livros canônicos, e de ter ordenado a sua esposa como bispa.

Quando olho para a vida do apóstolo Estevam Hernandez não vejo fruto digno de um apóstolo. Quem não se lembra que ele e sua esposa foram capa da revista Época que os envolveu em um escândalo financeiro. E no mesmo domingo o casal foi massacrado no programa do Gugu ao vivo para todo o Brasil com acusações vindo de todos os cantos, sem, no entanto, apresentarem uma defesa convincente. Sem falar de suas estripulias recentes em solo tupiniquim e na terra do Tio Sam.

Olho o ministério do apóstolo Miguel Ângelo da Silva Ferreira e não vejo fruto digno de um apóstolo. Na verdade vejo um ministério restrito a doutrina da predestinação, onde seu jovem filho e sua jovem filha são pastor e pastora respectivamente.

Quando olho para a vida do apóstolo Miguel Ângelo da Silva Ferreira, vejo um homem que não conseguiu vitória nem em sua casa.

Dentre as neobesteiras que pude ler em seu livro, uma dizia que somos seres preexistentes, que Caim e todos os ímpios são seres criados pelo diabo, e que os salvos são seres criados por Deus e pelos anjos.

Contudo, eu não posso afirmar que eles são apóstolos do diabo, pois eles crêem nas doutrinas fundamentais do Evangelho, embora o apóstolo Miguel Ângelo não creia na Trindade e no batismo nas águas. Entretanto, ele foi ordenado Bispo Primaz com a benção de vários líderes de diversas denominações, dentre eles o bispo Manoel Ferreira da Assembléia de Deus e seu filho pastor Abner Ferreira, o pastor Isaías de Souza Maciel, Presidente da Ordem dos Ministros do Brasil, e o bispo Rodrigues da Universal do Reino de Deus.

Outro dia eu quase apanhei literalmente de um irmão que afirmara que o apóstolo Miguel Ângelo da Silva Ferreira era um satanista, pois eu afirmei que não o considerava um satanista. Ora, quem mostrou atitude de satanista foi o tal irmão que quase me bateu por nada.

Quanto ao apostolado feminino de Valnice Milhomes, assim como o episcopado feminino, é escrituristicamente condenado.

Quanto ao G-12, eu não posso sair por aí dizendo que os pastores das igrejas G-12 são pastores do diabo ou falsos profetas. No entanto, não posso negar que pastores como Marcos Gregório (Ministério Apascentar de Nova Iguaçu), Jorge Linhares (Batista Getsêmane de Belo Horizonte), Carlos Roberto Martins (Congregacional de Bento Ribeiro) estão se desvirtuando da simplicidade do evangelho e seguindo a estranhas doutrinas de homens e talvez até de demônios.

Contudo, eu ainda me sinto um privilegiado por ter sido batizado pelo pastor Carlos Roberto Martins (Congregacional de Bento Ribeiro). Não obstante, por não aceitar a doutrina do G-12 fui convidado a deixar a igreja Congregacional de Bento Ribeiro, onde congregava há 10 anos. Portanto, sem alarde procurei outra igreja séria e sem G-12, tentei sair em paz com todos e fui para a igreja Batista Betânia Sulacap cujo pastor é Neil Barreto, onde estou há dois anos com a minha família.

Entretanto, nem todos saem de forma pacífica, pois o G-12 está aí somente para dividir igrejas e jogar irmão contra irmão. Os meus amigos da igreja Congregacional de Bento Ribeiro deixaram de me telefonar e pararam de me visitar, pois me consideram inimigo do G-12. Somente o pastor Carlos Roberto Martins me ligou no meu aniversário para me parabenizar.

Antes do G-12 eu jamais participei de nenhuma atividade com encontros, tais como os encontros de mocidade, os projetos missionários e os encontros de casais. Todos estes são encontros de três dias em locais distantes. Então, por que motivo eu iria ao encontro espúrio do G-12.

Um dos meus melhores amigos, a quem eu amava como irmão, disse que eu iria sair daquela igreja apenas porque eu tinha medo de confrontar todos os meus pecados desde da minha gestação, e segundo ele o G-12 faz este confronto. O pior é que este foi o seu ultimo telefonema para mim, e ele não atende os meus telefonemas e nem retorna os meus recados, se esquecendo que eu não sou seu inimigo e nem mesmo tenho mágoa dele. Para se ter uma idéia, há alguns anos eu deixei de dar um note book ao meu irmão carnal para dar-lhe tal presente. Mas nada disso é levado em conta com aqueles que são considerados inimigos do G-12.

Outro amigo da mesma igreja em seu ultimo telefonema tentando me converter ao G-12, me chamou de adultero e masturbador, pois segundo ele todo homem casado é adultero porque olha para mulheres na rua com má intenção. E ainda segundo ele todo homem casado se masturba.

Eu nunca tive má intenção ao ver uma mulher na rua e tampouco me masturbo. Ora, será que eu não sou homem ou será que eu não sou casado? Um homem solteiro com tal postura na minha opinião é um pervertido sexual, que fará um casado.

A este amigo eu exigi que me respeitasse, pois sou homem casado, pai de 2 filhos e crente há 32 anos, e esta também é a minha idade.

Ele nunca mais me ligou e nem tampouco me visitou como era seu costume. E eu fiquei na dúvida se o G-12 ensinou tal absurdo a ele ou se ele como homem casado era um pervertido sexual que praticava tais absurdos.

O pastor Marcos Gregório contou em seu programa de rádio que em sua igreja havia pessoas que atrapalhavam o culto falando contra o G-12 adotado em sua igreja. Ora, há muitas igrejas que não adotam o G-12, e quem não concorda com o G-12 deve sair em paz e procurar uma igreja sem o G-12 ou então permanecer quieto.

O pastor Carlos Roberto Martins foi quem me batizou, portanto, quem sou eu para questionar a sua vocação pastoral, seu ministério ou sua igreja? Todavia, posso discordar da sua visão, porém respeitando-a, e acima de tudo respeitando a sua pessoa e o seu pastorado como autoridade constituída por Deus.

Longe de mim falar mal de um pastor que de alguma maneira sempre será considerado como o meu pastor, embora o G-12 veio para isso, ou seja, fazer o crente desrespeitar a autoridade de seu pastor.

Eu não saio por aí de igreja em igreja para falar contra o G-12, e nem vou até a casa de ninguém para falar contra o G-12. Contudo, falo asperamente contra o G-12 para quem vem até a mim falar sobre este assunto, e creio que não estou só nesta batalha.

Eu não creio no G-12 por causa da regressão, do perdão a Deus, da fogueira, do caixão, unção genital e principalmente pelas técnicas psicológicas e hereges do encontro.

Regressão, perdão a Deus, fogueira, caixão, unção genital, cura interior e quebra de maldição são assuntos estranhos a Bíblia. Com certeza se trata de outro evangelho, pois se Paulo e Pedro estivessem entre nós tratariam estes neomodismos como anátemas. Mas, para os pastores e apóstolos do G-12 estas doutrinas são sagradas e constam no livro bíblico denominado o evangelho segundo Judas Iscariotes.

Eu também não creio na cura interior de traumas e mágoas e na quebra de maldição quando ministradas aos crentes. No entanto, creio na cura interior de traumas e mágoas e na quebra de maldição quando ministradas aos ímpios, reconhecendo que nem todos os membros de igreja são realmente crentes. Mas, no entanto, quem quebra a maldição da vida das pessoas é Deus, no ato da conversão, e não um pastor quebrador de maldições.

Eu também creio na cura interior ministrada a crentes e ímpios para a cura de doenças psicológicas e psicossomáticas. No entanto, maldição e maldição hereditária na vida de crentes é uma afronta ao sacrifício de Cristo e a doutrina neotestamentária, sendo, portanto, inaceitáveis e inadmissíveis.

O bispo Robson Rodovalho (Sara Nossa Terra) criou o culto da quebra de maldições as segundas-feiras na sua igreja. Ao ver seu programa na televisão eu me assustei ao perceber que o bispo Rodovalho fala 10 vezes mais sobre quebra de maldição do que de salvação e até mesmo de Cristo.

Na verdade não existe nem o dom e nem o ministério de quebrar maldições. O que existe é um oba-oba sobre este tema sem nenhum embasamento escriturístico.

Devemos ter sempre firme a nossa posição em Cristo. Os pastores são autoridades constituídas por Deus, porém, Jesus falou sobre os falsos profetas que enganariam a muitos (Mt 7:15; Mt 24:11), mas também falou sobre os falsos apóstolos (Ap 2:2).

Todavia, eu não sou dono da verdade e nem conheço a vida intima dos pastores acima citados para os conhecer como apenas Deus os conhece. Mas, mesmo assim dou a minha opinião a luz das Escrituras, pois eu considero que também tenho o Espírito de Deus.

Nos meus primeiros 19 anos de idade, eu fui membro da Assembléia de Deus onde desde criança conheço a família de pastores Malafaia: Gilberto, Daniel, Samuel e Silas.

O pastor Silas Malafaia assim como toda a Assembléia de Deus é radicalmente contra o G-12. No entanto, o pastor Silas Malafaia é amigo pessoal do pastor Jorge Linhares, que é adepto do G-12.

O pastor Marcos Gregório disse que estava furioso com o pastor Silas Malafaia por ele pregar na televisão contra o G-12. E ainda com muita raiva o pastor Marcos Gregório orou a Deus que lhe fez ver que havia muita gente cega pelo G-12, e que o pastor Silas Malafaia era um divisor de águas e falava palavras verdadeiras e com sentido, falhando apenas ao generalizar.

O pastor Marcos Gregório continua com o G-12 em sua igreja, mas corrigiu alguns erros denunciados pelo pastor Silas Malafaia, e a fúria contra o pastor Silas Malafaia desapareceu.

Entretanto, vejo na Internet, na minha caixa de e-mail e nas igrejas, os adeptos do G-12 com ódio do pastor Silas Malafaia, provando assim que o G-12 é um erro e falha no que tange a cura interior de ódios e magoas.

Outro dia recebi um e-mail furioso de um gedoziano que me perguntou:" Como você pode falar mal de uma coisa que está salvando milhares de vida?"

Imediatamente eu lhe respondi que eu jamais falei mal de Jesus Cristo, pois este sim é o único Salvador, e não o G-12.

Somente Jesus Cristo salva, e salva pela graça mediante a fé, e não pelo G-12 mediante a regressão ou quebra de maldição ou cura interior.

João Calvino defendia a predestinação, e Tiago Armínio defendia o livre-arbítrio. Mas ambos eram servos de Deus.

"Quem és tu, que julgas o servo alheio? Para seu próprio senhor ele está em pé ou cai; mas estará firme, porque poderoso é o Senhor para o firmar. Um faz diferença entre dia e dia, mas outro julga iguais todos os dias. Cada um esteja inteiramente convicto em sua própria mente." (Rm 14:4,5)

Todavia, devemos refutar as heresias e denunciá-las publicamente com a autoridade do Senhor Jesus, assim como faz o pastor Silas Malafaia.

Para vencer o mundo precisamos apenas de fé, e não do G-12. "E esta é a vitória que vence o mundo: a nossa fé." (1ª Jo 5:4).

Para obtermos a fé que vence o mundo precisamos apenas ouvir a Palavra de Deus, e não as heresias do G-12. "Logo a fé é pelo ouvir, e o ouvir pela palavra de Cristo." (Rm 10:17).

Para vencer o pecado precisamos apenas da Palavra de Deus, e não do G-12. "Escondi a tua palavra no meu coração, para não pecar contra ti." (Sl 119:11).

Para termos santidade precisamos apenas da Palavra de Deus, e não do G-12. "Santifica-os na verdade, a tua palavra é a verdade." (Jo 17:17).

Para termos segurança espiritual precisamos apenas da Palavra de Deus, e não do G-12. "Lâmpada para os meus pés é a tua palavra, e luz para o meu caminho." (Sl 119:105 ).

Para termos prosperidade precisamos apenas meditar na Palavra de Deus, e não do G-12. "Bem-aventurado o homem que não anda segundo o conselho dos ímpios, nem se detém no caminho dos pecadores, nem se assenta na roda dos escarnecedores; antes tem seu prazer na lei do Senhor, e na sua lei medita de dia e noite. Pois será como a árvore plantada junto às correntes de águas, a qual dá o seu fruto na estação própria, e cuja folha não cai; e tudo quanto fizer prosperará." (Sl 1:1-3).

Marcos Alexandre Damázio. 16 de abril de 2004