9/28/2010

A melhor resposta ao ódio é o amor 9/9/2010 [image: A melhor resposta ao
ódio é o amor]

Jesus viveu num tempo em que eram erguidas muitas “paredes” que separavam o
povo. Não se tratava de paredes de pedra e barro, mas paredes que se erguiam
na mente, no coração, na alma do povo. Tais paredes transformavam-se em
verdadeiras muralhas de pensamento que, por fim, se tornavam geradores de
palavras, atitudes e ações que fraturavam o relacionamento entre os
indivíduos.* Bons israelitas* eram aqueles supostamente entendidos da Lei,
como os escribas e fariseus, enquanto que os que não conheciam a Lei e os
renegados publicanos, por exemplo, eram considerados *maus israelitas.*

Foi em meio a esse ambiente hostil, de mente intensamente estreita, de
práticas profundamente exclusivistas e de gente intolerante, que Jesus levou
a bom termo o seu ministério. Numa atmosfera assim, a orientação de *amar os
inimigos* certamente assombrava seus ouvintes e consistia num ideal quase
inalcançável.

No Evangelho segundo Lucas, encontramos algumas ponderações de Jesus que
confrontavam as idéias e os ideais daquele tempo:

*“Pelo contrário, amai vossos inimigos, fazei o bem e emprestai, sem
esperar nada em troca; e a vossa recompensa será grande, e sereis filhos do
Altíssimo; porque ele é bondoso até para com os ingratos e maus. Sede
misericordiosos, como o vosso Pai é misericordioso.”* *(Lucas 6.35-36)*

Observando os versos 27 a 30, é possível encontrar os desafios: *amar,
fazer o bem, bendizer, orar, oferecer a outra face, sofrer com prejuízos
materiais, dar a quem pede e não brigar pelos nossos direitos*. Em qualquer
tempo, viver tais coisas constitui-se numa prática desafiadora. Isso porque
a vontade humana por certo é contrária a esse tipo de conduta tão resignada.
O propósito de Jesus em querer que seu seguidor tenha atitudes tão opostas à
pretensão humana parece estar explícita nos versos 32 a 34: “Se amardes quem
vos ama, que mérito há nisso? Pois os *pecadores também amam* quem os ama. E
se fizerdes o bem a quem vos faz o bem, que mérito há nisso? Os *pecadores
fazem o mesmo*. E se emprestardes àqueles de quem esperais receber, que
mérito há nisso? *Os pecadores também emprestam aos pecadores*, para receber
o que emprestaram.” Ou seja, Jesus chamava seus contemporâneos seguidores
para amar de um modo diferente, extraordinário, incomum, surpreendente e até
sobrenatural.

Jesus motivou os seus ouvintes com as palavras registradas no verso 31: *Como
quereis que os outros vos façam, assim fazei a eles*. Na medida em que a
pessoa gostaria de ser tratada, assim também deveria tratar o seu
semelhante. Assim, os versos 35 e 36, formam uma espécie de revisão do que
foi ensinado, mas de uma maneira que focaliza e resume o propósito.

O fato é que esses dois versículos apontam primeiramente para uma
necessidade daquele que segue a Jesus de realmente desejar ser uma benção na
vida de outros. As palavras usadas por Lucas para descrever a prédica de
Jesus são fortes: *Amai vossos inimigos, fazei o bem e emprestai, sem
esperar nada em troca*. O desafio de Jesus instiga os seguidores a
desenvolver o hábito de ajudar pelo mero prazer de ajudar, ou seja, de saber
que está sendo benção na vida de alguém e “não esperar *nada em troca*!”
Provavelmente a figura do inimigo fora usada como ilustração da capacidade
máxima de amar, visto que um oponente não faz nada que motive a ser bom para
com ele, todavia o desafio é: Do modo como gostaria de ser tratado deve-se
tratar tal pessoa. A atitude de um cristão não pode estar condicionada pela
maldade ou bondade de quem está à sua frente, mas pela obediência ao
mandamento de amar. Jesus toca na questão do desejo, da vontade de seus
seguidores!

No entanto, o mesmo verso 35 aponta para o fato de que Deus é fiel para não
deixar alguém que ama de forma tão altruísta sem nenhuma recompensa: “...*a
vossa recompensa será grande*...” Quando alguém faz algo sem esperar nada em
troca, Deus recompensa. Paulo desafiou os escravos a nutrirem esse tipo de
mente:

“Vós, escravos, obedecei a vossos senhores deste mundo com temor e tremor,
com sinceridade de coração, assim como a Cristo, não servindo só quando
observados, *como para agradar os homens*, mas como servos de Cristo,
fazendo de coração a vontade de Deus, servindo de boa vontade como se
servissem ao Senhor e não aos homens, *sabendo que cada um, seja escravo,
seja livre, receberá do Senhor todo bem que fizer*.”* (Efésios 6:5-8)*

Há recompensa quando tudo que se faz tem como motivação agradar a Deus! O
mesmo Paulo assim recomenda aos Colossenses:

* “E tudo quanto fizerdes, fazei de todo o coração, como se fizésseis ao
Senhor e não aos homens, sabendo que recebereis do Senhor a herança como
recompensa; servi a Cristo, o Senhor.”** (Cl 3:23-24)*

A atenção de Jesus se voltou para a justiça de Deus: o galardão será grande.
E por isso, toca na confiança da pessoa que segue a Cristo. Se tratar bem
alguém ou até se sacrificar por alguém e nada receber em troca, isto é um
sinal de que confia em Deus e de fato crê que Ele pode recompensar.

Mas há ainda no verso 35 uma chamada à responsabilidade. No pensamento de
Jesus encontramos a seguinte frase: “...*e sereis filhos do Altíssimo*.” Os
seguidores de Jesus precisam assumir a responsabilidade de refletir a imagem
de Deus diante dos outros. É preciso tomar cuidado para não confundir: Amar
as pessoas não *torna* alguém filho de Deus, mas *demonstra* que já é ou
está nesta condição.

Quando um cristão cultiva uma vida que demonstra um amor extraordinário,
cuja conduta vai além daquilo que os pecadores fazem, amando até pessoas
classificadas como inimigas, revela a imagem de Deus. Dessa forma, ele faz
uma projeção sobre si e em direção aos outros de quem Deus é! Isso significa
que se os crentes praticarem o que Jesus está pedindo, suas atitudes pelos
outros vão além dos benefícios visíveis. Há um aspecto “revelatório” nas
suas ações. As pessoas terão outra impressão de Deus, dependendo da ação dos
seguidores de Jesus.

Tudo isso impõe magnífico significado na forma como Jesus encerra sua fala:
*“Sede misericordiosos, como vosso Pai é misericordioso”* *(Lucas 6:36).* A
melhor resposta ao ódio é o amor, porque essa foi a resposta que Deus deu em
Cristo ao ódio da humanidade.

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AUTOR

[image: Antonio Lazarini Neto] Antonio Lazarini Neto

Antonio Lazarini Neto é Coordenador Acadêmico e professor de Grego, Exegese
do Novo Testamento e Teologia do NT na Faculdade Teológica Batista de
Campinas. Bacharel em Teologia e Mestre em Ciências da Religião, pastoreia a
Igreja Batista Jardim Planalto em Nova Odessa desde 1999, sendo também autor
da MK Editora (RJ).

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